terça-feira, 22 de setembro de 2009

Orquestra de amor


Bailemos
esses corpos jogados em cima da cama
e suamos até perder o ar,
ouvir uma canção alegre
o ar, o ar, o ar,
é como se fosse obrigatorio ouvir...
os meus ouvidos não ouvem nada
fico sem ar na verdade,
na minha idade só quero saber de gozar...
e a saciedade que essa vida gostosa me dá,
quero voar  de asa delta,
nessa cama de pedra,
quero deitar ao teu lado
pelado, e de pau pro ar,
sabendo que sou o teu rei,
ser o maestro da tua orquestra inteira,
deixar meu segredo dentro da minha bebedeira,
e amar, amar e amar...




Paulo Alvarenga

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Volta a crescer

E plantaram uma semente nova de fogo,
na terra que me pertencia,
o vazio ja não esperava o momento de preencher,
vontade  insana e  lasciva dessa gente,
que queria me apodrecer,
estamos numa guerra e vencemos batalhas, a cada dia
estamos nús da nossa coragem nessa viagem,
insólita,
e queremos a espada do poder ,

somos a carne podre que há de nascer das cinzas,
e como vento em chamas voltar a crescer!

Paulo Alvarenga

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Proxima postagem dia 04/09
Proxima postagem dia 04/09

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ato 2 infância perdida


Infância perdida

Faço sair da cova da minha louca,
a mais castigada boca, que outrora beijou teu sonho, e numa ânsia de mostrar medonho, tamanho desprezo pelo prazer nefasto cair no lago de profundeza horrenda, dos aflitos átrios da bela infância, que os podres vis, de corpos viris, queriam banhos de sangue inocente, sobrou semente de tamanho nojo ao sofrimento, daquele amargo gozo, que já não tinha como ser feliz.

Paulo Alvarenga

AUGUSTO O REI DAS PALAVRAS


DEPOIS DA ORGIA

O prazer que na orgia a hetaíra goza
Produz no meu sensorium de bacante O efeito de uma túnica brilhante Cobrindo ampla apostema escrofulosa! Troveja! E anelo ter, sôfrega e ansiosa, O sistema nervoso de um gigante Para sofrer na minha carne estuante A dor da força cósmica furiosa. Apraz-me, enfim, despindo a última alfaia Que ao comércio dos homens me traz presa, Livre deste cadeado de peçonha, Semelhante a um cachorro de atalaia Às decomposições da Natureza, Ficar latindo minha dor medonha!

AUGUSTO DOS ANJOS

AUGUSTO O REI DAS PALAVRAS


VERSOS ÍNTIMOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

AUGUSTO DOS ANJOS

AUGUSTO O REI DAS PALAVRAS


ASA DE CORVO

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre ás vezes
O telhado de nossa própria casa...

Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto á brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!

E com essa asa que eu faço este soneto
E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza...

E ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte - a costureira funerária
- Cose para o homem a última camisa!

AUGUSTO DOS ANJOS

Augusto O rei das Palavras




A DOR
Chama-se a Dor, e quando passa, enluta
E todo mundo que por ela passa
Há de beber a taça da cicuta
E há de beber até o fim da taça!
Há de beber, enxuto o olhar, enxuta
A face, e o travo há de sentir, e a ameaça
Amarga dessa desgraçada fruta
Que é a fruta amargosa da Desgraça!

E quando o mundo todo paralisa
E quando a multidão toda agoniza,
Ela, inda altiva, ela, inda o olhar sereno

De agonizante multidão rodeada,
Derrama em cada boca envenenada
Mais uma gota do fatal veneno!

AUGUSTO DOS ANJOS

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ato 1 - MINHA MUSA


POR MAIS VIDA QUE EU TIVER, DE VOCÊ SEMPRE SEREI.

Quero tudo novo

Já em outras vidas
fui teu rei
e fiz você minha preferida,
castrei tua vida,
fui teu amante,
fiz orgias nos dias gigantes,
quis esconder minhas feridas,
mas ofegante me entreguei,
e mais uma vez te encontrei,
e te quero de novo encarcerada, minha musa louca,
minha amada,
do teu passado não restou mais nada, quero tudo novo,
eu já sei.

Paulo Alvarenga

Plasmando

É na loucura do meu mais louco
desejo
que eu plasmo teu corpo
só para mim,
vou delirando pouco a pouco,
nas imagens que vou criando,
vou despindo o teu,
com minha boca, salivando,
entrego-me
a tua vontade,
e dou gargalhadas de prazer,
aprendo que crueldade de tesão,
é melhor que banho de chuva,
é paixão, é querer!

Paulo Alvarenga

Quero te amar


Te quero e te espero nessa minha vil vontade
de te chupar,
como uma fruta doce,
quero ser teu chicote,
pra vida inteira,
sua magia no fogo,
quero ser o teu jogo, nessa brincadeira louca,
quero a tua boca,
feiticeira.
e te suar de primeira
quero te amar.

Paulo Alvarenga

Mordida


Esfregue o meu corpo inteiro
que eu te ofereço,
esfregue,
as marcas doces dessa tortura entregue,
escorra as últimas lágrimas,
dos seus olhos,
na última dança do apocalipse do nosso desejo...
morda minha boca, um beijo,
é última coisa que eu quero,
estou querendo mais e mais que possa oferecer,
nos teus seios de maceeira,
quero comer a fruta inteira,
que meus olhos podem ver...

Paulo Alvarenga

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Atração



A atração é inevitável,
o poder de ataque vem,
mexe com a cabeça,
corrompe a libido,
machuca o sentido,
ela vem,
e descompassa o peito,
não tem jeito,
ela sai sem ter ido,
atração quem não tem?
Eu duvido!


Paulo Alvarenga